terça-feira, 17 de abril de 2007


Carta ao Rei da Jordânia

Tenho andado cheio de dores de cabeça por causa da situação económica e social portuguesa. Achei que é meu dever patriótico fazer algo, por isso resolvi escrever para o palácio do soberano da Jordânia. Porquê um país do médio oriente? Bom, uma nação europeia não me ia ligar nenhuma e, para mais, naquela região estão cheios de dinheiro do petróleo. Devem ter algum para nos dispender. Tenho a certeza que o Rei Abdullah II ficará sensibilizado com as minhas palavras – reparem na forma como consegui estabelecer paralelismos entre os dois países. Nas próximas semanas vou estar atento à caixa de correio, porque posso muito bem ter uma surpresa.





Caro Rei,

Venho por este meio pedir uma ajuda monetária para o meu país. O governo português tem andado muito preocupado com um pacto de estabilidade europeu que só vale para os pequenos países. Por isso, o Estado não tem dinheiro para melhores hospitais, escolas, espaços culturais e, pior para a economia, para o investimento nas empresas nacionais. O dinheiro que não temos vai para antros de violência, corrupção e desperdício – talvez já tenha ouvido falar, chamam-se estádios de futebol.
Como contrapartida dum generoso contributo, podemos ensinar os vossos terroristas a fazerem coisas inacreditáveis: desabar pontes inteiras através da remoção de areias, ruir edifícios sem manutenção, fazer desfalques e ficar impune, transformar as prisões em hospitais de tortura e hospitais em prisões infernais.
Ao contrário do que pode pensar à primeira vista, os nossos dois países têm muito em comum: os piors criminosos são transformados em mártires heróis, os bombistas são amnistiados pelos camaradas, os políticos são manipuladores e até muitos médicos são corruptos. Para além disso, fazem-se referendos e eleições que não servem para nada. Vossa Majestade não tinha pensado nisto tudo, pois não?
Um cheque de 1.000.000 de euros ao portador servirá para uma boa ajuda inicial e será muito bem vindo.

Portugal, 17 de Abril de 2007

Com os melhores cumprimentos,
Tasco

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